terça-feira , 22 outubro 2024
Saúde Mental

Solidão na velhice pode causar depressão

Blenda Oliveira, doutora em psicologia pela PUC-SP, comenta a importância da vida social no envelhecimento

É essencial estar cercado por uma rede de apoio para se viver bem, principalmente na velhice. A falta de convívio social pode ser bastante maléfica para um indivíduo, sobretudo para os idosos. Muitas pessoas acreditam que a comunicação e a rotina social com pessoas mais velhas é difícil e apresenta barreiras. No entanto, o processo de envelhecimento é muito complexo e merece atenção de todos nós. Segundo os dados mais recentes do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros está em 75 anos, mas esse recorde é recente  e muda o planejamento de uma sociedade inteira. O que estamos fazendo com quem está vivendo mais?

De acordo com a doutora, a comunicação social e até mesmo física é extremamente necessária para o bem estar dos idosos. E que você pode, e deve, se fazer presente na vida deles, mesmo que de uma forma não verbal. “Cada idoso pode se comunicar de uma forma. Você pode ter um idoso em situação de demência, por exemplo, com pouca comunicação verbal, mas sempre é importante uma presença. Comunicar é sentar junto, sorrir, colocar uma música para ouvirem juntos, tudo isso faz parte do convívio e comunicação”, explica a profissional.

Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), publicada em julho deste ano, mostrou que a depressão é quatro vezes mais comum entre idosos que relatam se sentirem sempre sozinhos. Segundo os pesquisadores, a relação entre solidão e depressão pode ter sentimentos comuns a ambos, como uma percepção negativa das interações sociais e um senso antecipado de rejeição.

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“As consequências são desastrosas quando se falta comunicação na velhice. Essa comunicação precisa ser feita respeitando o idoso. Não precisa achar que precisa tratar ele de um jeito especial. É preciso estimular a interação social. Ache um programa que ele goste de fazer para fazer junto, pode ensinar a se comunicar através da tecnologia, como o facetime para ligações de vídeo. O idoso é um ser que deseja, que têm vontades, independente de qualquer coisa e da passagem do tempo”, diz a especialista.

É mais do que relevante tratar o assunto como um problema de saúde pública, visto que dados do Censo de 2022 apontam que o Brasil está envelhecendo mais rápido e essa tendência deve continuar. “É bom pensar em planejamentos, familiares e governamentais, que ajudem a solucionar esse tema cada vez mais. A solidão é só um dos temas que permeiam a temida velhice”, enfatiza Blenda.

Segundo ela, “as barreiras na comunicação com os idosos são colocadas pelos próprios interlocutores, que muitas vezes não têm contato com o idoso porque acham que eles não precisam disso. Ou não quer ter contato porque ficam com pena. É importante para as novas gerações, e para quem ainda não chegou nesse estágio da velhice, se comunicar com essas pessoas, porque todos nós vamos chegar nesse lugar”, ressalta a profissional.

“Qualquer minuto da vida é um minuto para se viver. Não é porque se está passando pelo envelhecimento que isso tem que mudar. A comunicação melhora não só a saúde psicológica como a saúde física, O idoso que se comunica e tem convívio social, tem melhora na cognição, apetite e sentimento de alegria”, finaliza Blenda.

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