terça-feira , 22 outubro 2024
Vida e Saúde

O segredo para um envelhecimento saudável

Estamos vivendo mais, mas será que estamos envelhecendo melhor? Estudos e especialista destacam a necessidade de mais atenção com a saúde preventiva

O número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, já supera o de crianças com menos de 9 anos, o que corresponde a 17% da população. A expectativa de vida do brasileiro está em 72 anos para os homens e 79 para mulheres (IBGE) e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), os hábitos de vida são os principais fatores que influenciam no envelhecimento (60%), seguidos da genética e fatores ambientais (20% cada). Mas, embora estejamos vivendo mais, será que estamos mesmo vivendo melhor? Estudos mostram que estamos mais ativos e funcionais, mas com mais doenças crônicas e mentais. Especialistas destacam a importância de cuidar de diversos aspectos da vida e da saúde de forma preventiva, bem antes de a maturidade chegar.

“Sempre foi mais comum tratar da doença que da saúde. As pessoas só procuravam um médico quando já estavam adoecidas”, lembra a geriatra Márcia Umbelino. “Depois do covid, as pessoas passaram a se preocupar mais com a prevenção, o que resultou num aumento da busca por tratamentos para melhorar a imunidade, prevenir doenças crônicas e outros males comuns da maturidade”, destaca a especialista em medicina preventiva e integrativa.

Segundo estudos, a capacidade funcional de pessoas de 75 a 80 anos é melhor hoje do que a de idosos na mesma faixa etária de três décadas atrás. “Força muscular, velocidade de caminhada, velocidade de reação, fluência verbal, raciocínio e memória de trabalho dos idosos são melhores atualmente. Mas tivemos um aumento significativo de doenças crônicas e mentais. Então, podemos dizer que estamos vivendo mais e controlando os sintomas de forma mais eficaz, mas será que podemos dizer que estamos vivendo melhor?”, questiona Márcia.

OMS comprova: temos mais anos de vida com menos saúde

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças como câncer, diabetes, AVC, alzheimer e outras formas de demência, além de problemas respiratórios e cardiovasculares são as sete principais causas de morte no mundo. As estimativas confirmam ainda a tendência de crescimento da longevidade: em 2019, as pessoas viveram seis anos mais do que em 2000, com uma média global de mais de 73 anos em 2019 em comparação com quase 67 no ano 2000. Mas, em média, apenas cinco de esses anos adicionais foram vividos com boa saúde.

“Na verdade, a incapacidade está aumentando. Porque essas doenças são as responsáveis pelo maior número de anos de vida saudáveis perdidos”, comenta Márcia. “E, na maioria dos casos, poderiam ser prevenidas ou tratadas”.

A médica ressalta que diversos fatores contribuem para uma vida longa e saudável e, portanto, é preciso atenção não só com o corpo, mas com a saúde psicológica, além de hábitos do dia a dia, vida profissional e sociedade. “Não adianta se exercitar bem, fazer exames, comer bem, suplementar vitaminas, minerais, etc. e conviver com altos níveis de estresse, dormir mal, se isolar ou parar de buscar novos conhecimentos… Tudo isso vai influenciar na sua saúde no final da vida”, afirma a geriatra.

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A manutenção da mobilidade é outro ponto importante que interfere no envelhecimento saudável. Alguns dos primeiros sinais visíveis do envelhecimento podem ser mudanças na postura e na maneira de andar, assim como a fadiga e fraqueza geral fazendo tarefas simples e cotidianas e que podem impactar na independência do indivíduo. “O envelhecimento afeta a massa muscular e a força, densidade óssea, e pode fazer com que as articulações fiquem mais rígidas e menos flexíveis devido à redução da espessura da cartilagem. Uma rotina de exercícios físicos combinada com gerenciamento de peso e uma dieta equilibrada saudável são fundamentais para prevenir esses problemas”, acrescenta Márcia.

Além da manutenção do peso, outra questão importante para um envelhecimento saudável é a ingestão de nutrientes adequados para o manter o bom funcionamento do organismo, manutenção da imunidade, prevenção de doenças e suporte para músculos, ossos e cartilagem. Os idosos têm necessidades específicas como maior ingestão de vitaminas, fibras e proteínas, por isso, é importante o acompanhamento nutricional. Muitas vezes é fundamental uma suplementação de vitaminas, minerais e outros nutrientes.

A especialista acrescenta que a saúde mental é um fator que não pode ser deixado de lado. Não é só o corpo que precisa de atenção especial. É importante cuidar de outras áreas da vida. A manutenção do estresse, hábitos do cotidiano, vida social e intelectual, tudo isso influencia no envelhecimento, garantem especialistas. A perda do papel social, afastamento da família, falecimento do cônjuge, são algumas questões que costumam levar o idoso à depressão, distúrbio psicológico mais comum depois dos 60. Em vez de tristeza e apatia, no entanto, o idoso pode apresentar sintomas físicos como dores crônicas, distúrbios intestinais, alterações no sono, tonturas, dentre outros.

É importante ter em mente que envelhecer é um processo natural para todos os seres humanos, e que as mudanças no nosso organismo após os 50 são necessárias, devendo ser aceitas e entendidas. Mas temos que buscar uma vida plena até os últimos dias da nossa existência. O problema é que poucos buscam um tratamento integrativo e isso é muito importante.  É preciso ter em mente que envelhecer não é motivo para deixar de se cuidar! E quanto mais cedo os tratamentos preventivos forem iniciados, melhor será a qualidade de vida na terceira idade.

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